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terça-feira, 27 de maio de 2008

O senso comum e a vida cotidiana

Imprescindível é reconhecer a importância de nossas práticas cotidianas inseridas no contexto amplo de manifestações do senso comum, pois, são concernentes ao ser, ao ter, ao fazer, ao querer e ao viver em si. Trata-se de visualizar na vida banal e corriqueira como as necessidades e facilidades de sobrevivência se traduzem em atos culturais.
Propagam-se incessantemente visões estereotipadas da cultura, sujeitando-a ideologicamente a assumir valores nem sempre condizentes com a totalidade de sentimentos, emoções, ações, palavras, experiências e vivências ligadas a sua essência. Ou seja, os modelos supérfluos e efêmeros de vida de alguns indivíduos forjam almejos e valores sobre coisas que não lhes possibilitam estar condignos na inserção em questões relativas a vida do homem, como é o caso da cultura e do senso comum a ela atrelado. Neste sentido, Martins (2000) afirma que as instabilidades permanentes na vida cotidiana, são influenciadas por choques que interrompem a propagação do valor real dos fenômenos, com interpretações que, segundo ele, Schutz define como realidades múltiplas, na passagem de um mundo a outro, assim:

Embora a vida cotidiana seja o mundo que dá sentido aos demais, enquanto referência, aparece subvertida e alterada nesses outros mundos. O que nos mostra as descontinuidades que atravessam a vida cotidiana todos os dias (MARTINS, 2000, p.62).

Dessa forma, deve - se empreender ações objetivas e subjetivas no sentido de socializar a idéia de que a cultura é oriunda da ‘naturalidade’. Ela realiza-se e sempre realizar-se-á através das práticas cotidianas e do senso comum presentes no ‘meio’, negligenciando e/ou repudiando sua imagem propagada de objeto acessado e passível de constantes conceitualizações ou interpretações.
O senso comum é singular, e está intimamente relacionado aos gêneros de vida estabelecidos em diferentes contextos espaço-tempo. Ser não permissivo quanto a aceitação e valoração do senso comum é negar não somente o ‘outro’, como também a si mesmo. A verdade das coisas não deve ser vulgarizada de maneira tão banal como alguns desejam, desconstruir estes aparentes modelos de verdade é tarefa árdua, pois, trata-se de lidar com indivíduos que são complexos por inerência. Isso não é exagero, basta cada qual auto-analisar-se como elemento de um todo, e como ator num palco de encenação (existência) cujo objetivo é socializar-se e aderir mesmo que regidamente a estas socializações.
Assim, pode-se entender, em parte, que as relações sociais podem contribuir na eliminação de alguns equívocos no que se refere à compreensão do senso comum e da vida cotidiana. Em virtude disso, concorda-se com Martins quando expõe a idéia de que,

O senso comum é comum não porque seja banal ou mero e exterior conhecimento. Mas porque é conhecimento compartilhado entre os sujeitos da relação social. Nela o significado a precede, pois é condição de seu estabelecimento e ocorrência. Sem significado compartilhado não há interação [...] já que o significado é reciprocamente experimentado pelos sujeitos (MARTINS, 2000, p.59).

No mais, pretende-se incutir uma pequena centelha de inconformismo quando da análise que envolve a complexidade, valoração e propagação do senso comum como ato eminentemente cultural e cotidiano. Nós, indivíduos, pertencemos a um todo, que é a vida! Por isso mesmo somos diferentes e temos que respeitar e ser respeitados de acordo com as singularidades. No momento que surgem resistências e desvios quanto ao viver ‘naturalmente’ (bom senso), que não está pautado em regimes de controle, deve-se haver e/ou estabelecer uma transposição de situações imbuídas de respeito e análises não pré-julgadas, pois, a identidade cultural é um imaginário subjetivo e valorado por atores específicos.
Destarte, ninguém tem o direito de emitir juízo sobre fenômenos ou fatos antes de conhecê-los a fundo. Essa situação é muito complexa, já que nem mesmo os membros de uma cultura são capazes de absorver todos os elementos que a envolve. Enfim, compreender uma cultura depende, em parte, dos vínculos e das afinidades estabelecidos com ela, além da visualização do senso comum como um processo de endoculturação, onde os indivíduos de forma específica compartilham sensações, valores, ações, gestos, palavras e experiências num determinado meio vivente.


Hercules de Oliveira Ferreira


REFERÊNCIA:
MARTINS, José de Souza. A Sociabilidade do homem simples: cotidiano e história na modernidade anômala. São Paulo: Hucitec, 2000, 210p.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa noite, pessoal! Li o livro do José de Souza Martins, é um clássico da nossa sociologia. Justamente por estar a procura de outras críticas à sua obra, cheguei ao blog. Gostei da crítica, apesar de superficial. Mas o comentário é, na verdade, sobre a estética do blog. Quase desisti de ler a crítica por causa dessas cores. Pelo amor de Deus, tirem esse fundo preto com fonte verde... é uma tortura para os olhos. E apaguem este comentário em seguida. É só mesmo uma sugestão. Muitas vezes vocês perdem visitas por causa do desconforto ocular que as cores causam... melhor do que simplesmente fechar a página e nunca mais voltar, prefiro expressar o que me desagradou - e provavelmente a muita gente - para que vocês possam avaliar com carinho a sugestão. No mais, boa sorte no blog!

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